quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012


3.500 concursados da educação são convocados para contratação imediata

O Governo do Estado está convocando 3.500 aprovados no concurso para professor e especialista de educação. A publicação foi feita no Diário Oficial do Estado, edição desta terça feira (28).
Os convocados deverão assumir seus postos logo depois de serem aprovados pela Junta Médica. A contratação será feita posteriormente com data retroativa ao início dos trabalhos.
O coordenador geral do Sinte-RN, professor Rômulo Arnauld comemorou a medida como mais uma conquista da luta dos trabalhadores em educação. No entanto alerta que o número de convocados ainda é insuficiente. “O SINTE-RN já está cobrando do Governo a contratação dos demais aprovados”, ressaltou.

De acordo com o edital do concurso, os candidatos devem estar aptos para posse em até 30 (trinta) dias contados da nomeação, incluído nesse período o prazo para obtenção do atestado de saúde ocupacional. No entanto, a diretora de assuntos Jurídicos do Sinte-RN Vera Messias lembra que o concursado pode solicitar a prorrogação desse prazo por mais 30 dias.
Requisitos para a contratação: apresentação dos documentos relacionados a seguir (Original e Cópia autenticada):
1) Prova de conclusão de curso de habilitação para o cargo, mediante a apresentação do respectivo Diploma, ou de documento oficial da instituição de ensino superior que ateste a conclusão do curso pelo candidato, acompanhado de protocolo de requerimento de expedição do Diploma e Histórico Escolar
2) Título de eleitor e certidão de quitação eleitoral
3) Certificado de reservista, para os candidatos do sexo masculino
4) Certidão negativa de antecedentes criminais expedidas pelas Justiças estadual e federal, assim como pela Polícia Civil da localidade em que o candidato possuir residência nos últimos 5 (cinco) anos
5) Atestado de saúde ocupacional (ASO), habilitando o candidato para o exercício do cargo, expedido por junta médica oficial
6) Inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda (CPF)
7) Documento de identidade expedido por órgão oficial
8) Outros documentos que forem exigidos na portaria de nomeação.

Como conseguir o Atestado de Saúde Ocupacional
Os concursados de Natal e Nova Cruz poderão se submeter à avaliação da Junta Médica se dirigindo ao auditório Angélica Moura, da Secretaria Estadual de Educação. A data para o início da apresentação dos exames laboratoriais será publicada pelo Governo, no Diário Oficial.  Quem mora em Mossoró, Caicó ou Pau dos Ferros poderá se submeter à avaliação na Unidade Regional de Saúde do seu município. A Junta funcionará nos dias 12 e 13 de março, em Mossoró e Caicó e nos dias 13 e 14, em Pau dos Ferros.  Essas datas foram deliberadas pela comissão encarregada e sua confirmação será feita através de publicação oficial do Governo.
Caso o morador desses municípios que não consegui se submeter a avaliação médica nessas datas, deverá fazê-lo no auditório da secretaria estadual de educação em Natal.
Veja a seguir a relação dos exames que devem ser apresentados à Junta Médica:
. Hemograma
. Glicemia de Jejum
. Sumário de Urina c/ Sedimentoscopia
. Parasitológico de Fezes
. VDRL
.Raio X do Tórax em PA e Perfil(com Laudo de Radiologia)
. Testes Alérgicos com Parecer do médico alergista
. Audiometria com Parecer do médico Otorrinolaringologista
. Eletrocardiograma com Parecer do médico Cardiologista
. Citologia Oncótica (com validade até 12 meses – para candidato do sexo feminino)
. Cartão de Vacina Anti-tetânica
. Atestado de Sanidade Mental (emitido por Médico Psiquiatra – com validade de 30 dias)
(Os exames acima solicitados terão validade máxima de 90(noventa) dias da data da sua realização)

OBS:1. Candidatos do sexo masculino com idade igual ou superior a 40 anos:
. Dosagem de PSA
2. Candidatos do sexo feminino com idade igual ou superior a 40 anos:
. Mamografia – validade de 12 meses
. Candidatas gestantes: Laudo de Ginecologista Assistente por estarem isentas dos exames de radiologia.
* A Comissão Permanente no Ato Admissional poderá solicitar dos candidatos outros exames bem como Pareceres Médicos que julgar necessário.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Entrevista da secretária de Educação provoca desconfiança à direção do Sinte

Em entrevista concedida ao Jornal de Hoje de 25 e 26/02, a secretária de Educação Betânia Ramalho afirma que não haverá pagamento abaixo do piso salarial nacional para os professores. No entanto, a gestora não falou sobre a carreira, muito menos sobre os aposentados. Mas disse que algumas reivindicações serão atendidas como as promoções e os pagamentos atrasados. colocaria os passivos em dia.
Para a coordenadora geral do Sinte, Fátima Cardoso a posição da secretária é muito clara: com este anúncio o governo diz que somente os professores que estão na letra "A" receberão a correção salarial. “Não adianta fazer críticas ou apresentar à sociedade um falso discurso de preocupação com o ensino. Não existe trabalho pedagógico de qualidade sem que todos sejam valorizados nos seus salários. Mas iremos enfrentar esta turbulência, sim, e com a consciência de que se há alguém a ser responsabilizado pela greve, este alguém é o governo.”, avalia.
Balanço
Há muita coisa que depõe contra o discurso do Governo, entre elas as condições físicas de prédios que abrigam escolas. O CAIC poeta Renato Caldas de Assú, por exemplo, está sem funcionar no seu prédio desde 2011 e os alunos e professores estão espremidos em salas quentes, sem ventilação de uma antiga central do cidadão. Escolas tradicionais também não ficaram de fora do descaso. É o que comenta Fátima Cardoso: “o Governo quer se eximir da culpa sobre as condições de ensino no Estado, mas como irá explicar à sociedade situações como a que vive o Atheneu, um patrimônio de 176 anos que já passou por vários alagamentos nas salas de aula, que, inclusive comprometeram o acervo da biblioteca e chegou ao final do ano com infiltrações de esgotos que escorriam na cabeça dos professores?”.
Há outras situações que fazem cair por terra o discurso do Governo, como a falta de professores nas escolas. “Quando estamos em greve, eles relacionam ao Sindicato a responsabilidade pela falta de aulas, apesar de este ser o resultado da má administração do Governo. Mas não há como eles transferirem a responsabilidade ao Sinte pela escassez de profissionais, nem pela falta de estrutura física adequada para as escolas. Admiro a eloquência coerente. Admiro a capacidade das pessoas pelo seu conhecimento. Mas admiro muito mais os meus colegas professores e professoras que mesmo sendo massacrados pelos governos a têm coragem de enfrentar uma sala de aula.”, afirma a dirigente.
Fátima Cardoso diz lamentar que a secretária não conheça os motivos da categoria para a tomada de medidas que vão de reivindicações ao anúncio de greve. Mas afirma que a justificativa por essa falta de conhecimento é ausência de diálogo. “A última vez que ela nos recebeu foi em agosto de 2011. É por isso que continuamos a nossa luta sem virar as costas para a educação.”, finaliza.

MEC divulga valor do novo piso nacional de professores em R$ 1.451

O Ministério da Educação divulgou na tarde desta segunda-feira (27) que o piso salarial nacional dos professores será reajustado em 22,22% e seu valor passa a ser de R$ 1.451,00 como remuneração mínima do professor de nível médio e jornada de 40 horas semanais. A decisão é retroativa para 1º de janeiro deste ano.
Segundo o MEC, a correção reflete a variação ocorrida no valor anual mínimo por aluno definido nacionalmente no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) de 2011, em relação ao valor de 2010. O piso aplicado em 2011 foi de R$ 1.187, e em 2010, de R$ 1.024.
A aplicação do piso é obrigatória para estados e municípios de acordo com a lei federal número 11.738, de 16 de junho de 2008. Estados e municípios podem alegar não ter verba para o pagamento deste valor e, com isso, acessar recursos federais para complementar a folha de pagamento. No entanto, desde 2008, nenhum estado ou município recebeu os recursos porque, segundo o MEC, não conseguiu comprovar a falta de verbas para esse fim.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Partido das grandes causas do povo brasileiro e da humanidade

A 25 de março deste ano o Partido Comunista do Brasil celebra o 90º aniversário de sua fundação. Em 18 de fevereiro transcorre o 50º aniversário da reorganização, quando, sob a liderança de João Amazonas, Maurício Grabois, Carlos Danielli e Pedro Pomar, os comunistas brasileiros se insurgiram contra a onda liquidacionista e oportunista de direita que assolou as fileiras do Partido na segunda metade dos anos 1950.

Por José Reinaldo Carvalho*

João Amazonas em palestra do Partido em 1962

Não há como celebrar as duas datas separadamente. Em 1922, surgia o Partido, em 1962, começava a consolidar-se um núcleo marxista-leninista, em meio a autocríticas sobre o passado.

Não tem sido fácil a luta de muitas gerações para fazer vingar no Brasil uma corrente política e ideológica comunista organizada no âmbito de um partido. O Partido Comunista do Brasil atravessou muitas etapas, deitou raízes profundas no solo nacional, desenvolveu-se inserido nos grandes acontecimentos do País, nos quais influiu, projetou o seu prestígio internacional e se tornou corresponsável por muitas conquistas democráticas e nacionais do povo brasileiro.

Por óbvio, persiste ainda o desafio de firmar no cenário político um partido revolucionário, de classe e convicto da sua missão histórica de derrotar o imperialismo e as classes dominantes retrógradas para abrir caminho ao socialismo no País.

Em meio a vicissitudes

A trajetória histórica do Partido Comunista do Brasil e as dificuldades que enfrenta para se firmar como corrente política e ideológica têm muito a ver com as peculiaridades da formação social brasileira e com o desenvolvimento de conjunturas políticas adversas.

Aqui foi criada e se consolidou à frente do Estado nacional uma burguesia reacionária, monopolista, entreguista, subordinada ao imperialismo, crescida em simbiose com o latifúndio e com fortes tradições escravistas.

Darcy Ribeiro, um sábio, que dedicou a luminosa inteligência a estudar e interpretar o Brasil, disse em sua clássica obra O Povo Brasileiro, que no Brasil tudo muda, menos as classes dominantes, com seus vícios patriarcais, racistas, escravocratas, opressores e exploradores, base objetiva sobre a qual surgiram e tomaram forma as manifestações ideológicas obscurantistas e os regimes políticos reacionários, que fizeram do anticomunismo uma bandeira sob a qual sempre esconderam suas aventuras golpistas e antidemocráticas.

Caio Prado Júnior, Florestan Fernandes, Nelson Verneck Sodré, Sérgio Buarque de Hollanda, Jacob Gorender, entre outros autores, também deixaram em suas obras de ciência política e historiografia elementos de compreensão sobre a formação e desenvolvimento dessas classes.

Ao longo dos seus 90 anos o partido dos comunistas enfrentou alguns surtos de violência que tornaram seus militantes, dirigentes e quadros em mártires da luta pela liberdade. Da fundação (1922) até o final da ditadura estadonovista (1945), o Partido viveu apenas um breve hiato à luz do dia. A regra geral foi a clandestinidade e o enfrentamento com os esbirros da reação.

O Partido enfrentou situações tenebrosas, sofreu as dores lancinantes do povo brasileiro e pagou com a vida dos seus melhores ativistas e dirigentes: a repressão que se seguiu ao levante de 1935, o final dos anos 1930, o início da década de 1940, quando o verdugo Felinto Muller proclamou solenemente a eliminação física do Partido, um ledo engano, aliás, pois não só os comunistas jogaram papel decisivo nas refregas políticas que levaram ao fim do Estado Novo, como atuaram com destaque nas manifestações que pediam o engajamento do País no esforço de guerra dos aliados.

Outra quadra da vida nacional em que o PCdoB foi submetido a uma ofensiva de cerco e aniquilamento foi durante a ditadura militar [1964-1985], um regime de facínoras que fez da tortura generalizada e dos assassinatos seletivos um método sistemático de combater a oposição de esquerda.

Ter resistido e sobrevivido a tamanha brutalidade já é em si mesmo uma vitória, mas não há como negar que o traço repressivo dos regimes políticos, com ênfase no anticomunismo, foi fator negativo que muito limitou e prejudicou o empenho para construir um forte partido comunista no País.

Outras circunstâncias desfavoráveis ao desenvolvimento do partido comunista se alternaram com a repressão. À época da fundação do Partido, era débil numérica e qualitativamente a classe operária brasileira. A intelectualidade cultivava os valores do romantismo, classicismo e do realismo franceses. Outra vertente era parnasiana. Era nula a penetração das ideias marxistas no País. A ciência política e a historiografia também eram incipientes, não ultrapassavam os marcos da disjuntiva monarquia-república. O comunismo brasileiro nascia sob forte influência anarquista ou anarco-sindicalista.

Em diferentes momentos o Partido foi acometido por surtos de oportunismo, ora de “esquerda”, ora de direita e por divisões internas. Isto também dificultou a afirmação do partido comunista como corrente ponderável no País.

É preciso assinalar ainda que as classes dominantes sempre trabalharam afanosamente para impedir que os comunistas exercessem influência maior sobre as classes trabalhadoras e o povo, recorrendo, além da repressão, a outras armas do seu arsenal político-ideológico. Getúlio foi hábil no manejo de diferenciadas legendas partidárias. Com uma delas, o PSD, atuava junto a setores da burguesia, com outra, o PTB, pôde fincar raízes entre os trabalhadores, dificultando a disseminação do partido comunista.

Na fase final da ditadura militar, o ideólogo e operador da inteligência do regime, Golbery do Couto e Silva, concebeu uma reforma política em que se franqueava a liberdade de organização a correntes direitistas, centristas e de esquerda. Surgiram partidos que ostentavam no nome e na simbologia a representação das classes trabalhadoras, mas os partidos que se reivindicavam do comunismo foram obrigados a permanecer na clandestinidade.

O Partido e as conquistas do povo
Malgrado todas essas dificuldades, o Partido Comunista do Brasil nunca deixou de atuar e marcou indelevelmente a vida política do País. Por qualquer ângulo de que se mire a história, não há como separar a vida republicana brasileira das lutas sociais e, desde os primeiros anos da década de 1920, da influência e do papel exercidos na vida política nacional pelo Partido Comunista do Brasil.

Não há conquista democrática e patriótica do povo brasileiro em que não estejam incorporados o empenho, a inteligência, os sacrifícios e o heroísmo dos comunistas.

As gerações atuais, ao ingressarem neste partido e a ele se referirem, devem saber que é o partido da insurreição de 1935, da luta contra o Estado Novo, o pioneiro dos embates pela reforma agrária, das reivindicações e conquistas trabalhistas, da campanha para a incorporação do País no esforço de guerra dos aliados contra o nazi-fascismo, do movimento nacionalista “O Petróleo é Nosso”.

O PCdoB é também o partido da democratização de 1946 e da Assembleia Constituinte e, quando a noite dos tempos se abateu sobre a nação, foi o partido da luta contra a ditadura militar, da Guerrilha do Araguaia, dos embates pela anistia e a Constituinte, as Diretas Já e a redemocratização completa do País. O partido da luta contra o neoliberalismo e co-fundador da Frente Brasil Popular que iniciou em 1989 a caminhada vitoriosa que 13 anos depois levaria Lula para a Presidência da República.

A existência de uma vanguarda política vinculada às aspirações fundamentais das classes trabalhadoras, originada da luta de classes e que desde sempre adotou como programa máximo a conquista do socialismo no Brasil, nunca esteve desvinculada da realidade nacional nem das lutas democráticas e patrióticas.

Mesmo quando cometeu erros graves, como o de se alhear de acontecimentos tão marcantes na vida do País, a exemplo da Revolução de 1930, ou o de seguir mecanicamente diretivas da Internacional Comunista que não tinha credenciais para formular orientações táticas por desconhecer a realidade nacional, o partido dos comunistas brasileiros nunca deixou de estar fortemente impregnado pelo caráter nacional e democrático das lutas sociais do povo brasileiro.

Raízes nacionais e internacionalismo
A fundação do Partido Comunista do Brasil, no longínquo 25 de março de 1922, correspondeu a uma necessidade objetiva do desenvolvimento das lutas sociais em nosso País, fez parte do ambiente de mobilizações democráticas e renovação cultural que contagiaram a incipiente classe operária da época, a intelectualidade, os setores médios e os militares patrióticos. Está inscrita na mesma cadeia de acontecimentos do qual fizeram parte a greve geral de 1917, a Semana de Arte Moderna de 1922 e as revoltas tenentistas democráticas, entre elas a Coluna Prestes. O Partido Comunista do Brasil nasceu em solo nacional e sempre buscou nas peculiaridades nacionais a pedra de toque de suas plataformas e ações.

Fundadores do Partido em 1922

Obviamente, a fundação da agremiação comunista do Brasil guardou também relação direta com os acontecimentos mundiais do início do século 20, sendo o mais importante de todos a Grande Revolução Socialista de Outubro na Rússia, em 1917, que deu origem ao primeiro Estado dirigido pelos trabalhadores sob a liderança do partido comunista.

A Revolução Socialista de 1917 teve para o proletariado mundial e suas vanguardas políticas um efeito pedagógico transcendental. Confirmou a tese de Marx e Engels, baseada na análise científica da sociedade e da história, de que o capitalismo não é eterno. Sob o influxo de contradições antagônicas, têm lugar situações revolucionárias, as quais, num quadro de amadurecimento das condições subjetivas, resultam na vitória da revolução.

Outubro de 1917 foi também a confirmação da opinião de Lênin de que com a passagem do capitalismo à etapa imperialista, abria-se a época da revolução socialista, devido ao amadurecimento das contradições objetivas: entre o proletariado e a burguesia, entre o imperialismo e os povos e nações oprimidos, além das contradições entre as potências imperialistas pelo domínio do mundo.

Como a maioria dos partidos comunistas do mundo, quase todos existentes e em pleno funcionamento nos dias de hoje, o Partido Comunista do Brasil é um fruto daquela época de transformações que iriam marcar indelevelmente o século 20 como o século das revoluções socialistas e das lutas pela libertação nacional e social, o século das lutas operárias, das lutas anticoloniais, pela democracia, a justiça social e a paz.

Não é por apego ao passado ou nostalgia que reafirmamos essas referências no transcurso do 90º aniversário do PCdoB, mas para realçar que todos aqueles que desfraldam hoje a bandeira do socialismo, da libertação nacional e social sentem-se herdeiros daquelas tradições revolucionárias fundamentais e portadores dos mesmos princípios e ideais.

Esta é uma equação dialética fundamental — raízes nacionais e influência dos acontecimentos revolucionários mundiais a determinar o surgimento do partido comunista; patriotismo e internacionalismo a definir seu caráter. Uma relação fundamental, porquanto faz parte do pensamento e da propaganda da direita nacional associar o patriotismo a uma perversão nacionalista de tipo fascista e atribuir ao internacionalismo a pecha de vício alienígena.

A história já demonstrou que na época do imperialismo, a independência e a soberania nacional é uma bandeira rota e demagógica nas mãos das classes dominantes e que somente os trabalhadores e seus aliados intermediários fundamentais são capazes de levar a bom termo esta luta — ao socialismo —, uma vez que na época do imperialismo não passa de uma quimera o capitalismo nacional “progressista”.

Partido indispensável
O acidentado transcurso da construção do socialismo, a trajetória dos comunistas no Brasil e em outros países, com altos e baixos, os erros cometidos e as derrotas sofridas pelo movimento revolucionário no final do século 20 são utilizados como argumentos pelos ideólogos da burguesia e do imperialismo para proclamar a derrota irreversível do socialismo, a falência dos seus ideais e a inutilidade do partido comunista.

Até mesmo razões de ordem eleitoral — pois estamos na época em que os partidos socialdemocratas da esquerda moderada e conciliadora são majoritários — são invocadas como pretexto para desistir do esforço para construir uma vanguarda revolucionária com ideologia comunista e cujo programa máximo seja a construção do socialismo.

Aparentemente, a realidade empresta razão aos que, ignorando as leis objetivas do desenvolvimento histórico, tomam por saudosismo e gesto anacrônico a celebração da fundação do partido comunista e a vitória da revolução socialista de 1917. Paciência, os comunistas terão que uma vez mais remar à contra-corrente.

É com justo orgulho que celebramos, porque é gloriosa a história dos comunistas, é heróica a sua gesta e é enorme a contribuição que deram nas lutas por transformações sociais e políticas, pela emancipação do povo brasileiro e de toda a humanidade. No caso do Brasil, foi com o intelecto, o empenho, e quando necessário as armas e o sangue de inolvidáveis heróis, que escrevemos memoráveis páginas da trajetória do povo brasileiro na luta por democracia, independência nacional e progresso social.

Na passagem do 90º aniversário do Partido Comunista do Brasil é indispensável, a par das celebrações, proceder a uma reflexão e tomar posição frontal diante dos agudos problemas do presente e da perspectiva. A existência e a permanência do Partido não resultam de uma atitude voluntariosa. Antes, correspondem a uma necessidade histórica. O Partido é necessário para os grandes combates do nosso tempo, para cumprir as grandes tarefas históricas de nossa época.

O partido comunista é indispensável para ajudar a constituir o sujeito político da luta pelo socialismo, o grande “exército” de massas da revolução brasileira, com os novos conteúdos e formas próprios da época presente. Nessa tarefa mantemos frutífero diálogo e positiva interação com outras forças de esquerda que têm o socialismo como meta.

É certo que hoje é maior o grau de dificuldade com que enfrentamos essa tarefa, porquanto a esquerda é hegemonizada por setores políticos e intelectuais encantados com a globalização do capitalismo, com as supostas novas capacidades expansivas da economia capitalista, fascinados com a existência de blocos econômicos imperialistas.

Não falta entre setores moderados da “esquerda” quem considere tarefa estratégica a de alinhar, conquistar, cooptar a burguesia monopolista, os latifundiários e mesmo setores do capital financeiro “nacional”, para a construção de um modelo híbrido. Em busca de adaptação à ordem imperialista, a social-democracia, depois de ter abandonado na prática a luta pelo socialismo, já o descartou até mesmo como utopia.

Sobre a luta pelo socialismo no Brasil, incapazes de compreender o alcance e os limites da importante experiência democrática que o País está vivendo, primeiro sob os dois governos de Lula, e agora com Dilma, começam a teorizar que já estamos dando o primeiro passo na construção da nova sociedade e que basta deixar florescer os brotos do neodesenvolvimentismo e do neo-republicanismo democrático para que, numa sucessão de governos democráticos pós-lulistas, cheguemos por geração espontânea ao socialismo no Brasil.

Rebaixando-se a estratégia, rebaixam-se a arquitetura e a engenharia políticas, necessárias a afiançar a existência de uma força de combate à altura dos desafios da época.

Força de combate
Para uma numerosa e espalhada militância comunista jovem, assim como para os quadros maduros e os dirigentes, celebrar o aniversário do PCdoB deve corresponder a um investimento de energias intelectuais e materiais para que este partido se desenvolva e consolide como uma força de combate pelo socialismo no Brasil, o que significa dizer que será, como sempre foi, uma força irreconciliável com as classes dominantes retrógradas, opressoras e entreguistas; uma força antagônica ao imperialismo, um partido de classe, portador das aspirações históricas dos trabalhadores e de todo o povo brasileiro; capaz de sintetizar em plataformas políticas amplas e unitárias as questões emergentes, como a nacional, a democrática e a popular, sempre em ligação com a perspectiva socialista; um partido de todas as lutas do povo brasileiro e nítida identidade comunista.

Estratégia e tática
Na história do Partido, um divisor de águas importante sempre foi a estratégia e a tática, ou em termos mais simples, a linha política, matéria na qual se acumularam acertos, mas também os mais importantes erros teóricos e práticos dos comunistas. A oscilação entre formulações programáticas adequadas à época e às correlações de força, o “esquerdismo” e o oportunismo de direita sempre puseram em tensão as fileiras partidárias e provocaram grandes cisões.

Em sua infância, o Partido adotou por imitação a formulação “classe contra classe”, que, sem outros qualificativos e complementos, não cabia na realidade nacional; tentou fazer uma revolução armada (1935), sob orientação teórica e prática da Internacional Comunista; nos anos 1940 foi antigetulista, depois “queremista” para em seguida ser antigetulista de novo. Nos anos 1950, apoiou o governo de Juscelino Kubitschek, mas setores importantes da direção partidária deixaram-se cooptar pelo poder, fascinados que estavam com o nacional-desenvolvimentismo.

A ruptura com o revisionismo contemporâneo, fortemente marcada por acontecimentos externos ao País e pertinentes ao movimento comunista internacional, foi provocada também por razões internas, relacionadas com a tática e a estratégia da revolução brasileira e a construção do Partido. Um grupo reformista e oportunista rasgou o programa do 4º Congresso, de 1954, que embora com limitações políticas e ideológicas, era em essência revolucionário. Substituiu-o pela Declaração de Março de 1958, que entrou para a história do movimento comunista do Brasil como o documento fundador do revisionismo contemporâneo e do oportunismo de direita.

É edificante ler a polêmica que o saudoso camarada Maurício Grabois sustentou com os signatários da declaração. O debate foi acirrado, mormente quando se aproximava o momento da realização do 5º Congresso (1960), que consumou a cisão no Partido e levou ao surgimento de dois partidos comunistas no país: o PCB e o PCdoB.

Foi a partir da reorganização revolucionária em 1962 e da experiência acumulada na luta contra a ditadura militar iniciada em 1964, que o partido alcançou o seu amadurecimento tático e estratégico.

O núcleo marxista-leninista formado pelos camaradas João Amazonas, Maurício Grabois, Carlos Danielli e Pedro Pomar dirigiu a formulação de uma estratégia revolucionária, baseada nos princípios do marxismo-leninismo, e de uma tática ampla, combativa e flexível. O Partido aprendeu que era indispensável enraizar-se entre as massas, inserir-se no curso político, enfrentar os grandes e pequenos embates políticos do cotidiano, concertar alianças amplas e acumular forças revolucionariamente.

Os princípios de estratégia e tática que o Partido desenvolveu partiam de uma análise concreta da situação concreta e da evolução histórica do País. Sob a dependência externa e o regime das classes dominantes reacionárias não havia perspectiva para o desenvolvimento soberano do Brasil nem para abrir caminho ao socialismo. O núcleo marxista-leninista do Partido considerava que o desenvolvimento capitalista do Brasil é essencialmente dependente, assentado sobre uma estrutura que tem por base o monopólio da terra e a subordinação do País aos interesses do capital monopolista e financeiro internacional.

Mérito inquestionável dos comunistas brasileiros é terem desenvolvido uma visão aguda sobre as classes dominantes, que em sua parte majoritária é sócia menor dos imperialistas, em detrimento do progresso e da soberania nacional. Mesmo o avanço do capitalismo no campo, apresentado hoje como um sinal das potencialidades do desenvolvimento nacional, tem sido visto pelo Partido como um fenômeno social e nacionalmente deletério, porquanto orienta a produção agrícola apenas para o mercado exterior, controlado pelos monopolistas estrangeiros, e mantém milhões de camponeses marginalizados.

Em tempo hábil, e rompendo com a visão que dera origem à Declaração de Março de 1958, o Partido compreendeu que o desenvolvimento capitalista dependente se agravava ainda mais na fase aberta com a mundialização da economia, que a concentração do capital e da produção criava uma situação de maior dependência dos países de desenvolvimento mediano, hoje chamados de emergentes. O Partido passou a apontar como tendência malsã e prejudicial ao desenvolvimento nacional que a economia nacional fosse complementar à dos países ricos, no quadro da mundialização e do neoliberalismo, e as políticas econômicas e financeiras, chamadas macroeconômicas, submetessem o sistema financeiro do País.

Com elevado nível de compreensão sobre o processo histórico, a direção partidária não separava o momento particularmente difícil enfrentado pelo Brasil sob a liderança do grupo neoliberal que assaltou o poder nacional, primeiro com Collor de Mello e mais adiante com Fernando Henrique Cardoso, da direção do País pelas classes dominantes e do caráter de classe do Estado.

João Amazonas fazia uma análise implacável sobre estas classes. Dizia, na redação do Programa Socialista aprovado na Conferência Nacional de 1995 e ratificado no 9º Congresso (1997):

“O desenvolvimento deformado da economia nacional, o atraso, a subordinação aos monopólios estrangeiros e, em consequência, a crise econômica, política e social cada vez mais profunda são o resultado inevitável da direção e do comando do País pelas classes dominantes conservadoras. Constituídas pelos grandes proprietários de terra, pelos grupos monopolistas da burguesia, pelos banqueiros e especuladores financeiros, pelos que dominam os meios de comunicação de massa, todos eles, em conjunto, são os responsáveis diretos pela grave situação que vive o País. Gradativamente, separam-se da nação e juntam-se aos opressores e espoliadores estrangeiros. As instituições que os representam tornaram-se obsoletas e inservíveis à condução normal da vida política. Elitizam sempre mais o poder, restringindo a atividade democrática das correntes progressistas. A modernização que apregoam não exclui, mas pressupõe, a manutenção do sistema dependente sobre o qual foi construído todo o arcabouço do seu domínio.”

Os comunistas brasileiros compreenderam também que a luta democrática e patriótica pelo desenvolvimento, a soberania nacional, em defesa da nação ameaçada pela voragem neoliberal, era no fundo um aspecto da luta de classes, inseparável da luta pelo socialismo na fase peculiar que o Brasil vivia.

O Programa Socialista (1995) dizia: “Tais classes não podem mudar o quadro da situação do capitalismo dependente e deformado. Sob a direção da burguesia e de seus parceiros, o Brasil não tem possibilidade de construir uma economia própria, de alcançar o progresso político, social e cultural característicos de um país verdadeiramente independente. Na encruzilhada histórica em que se encontra o Brasil, somente o socialismo científico, tendo por base a classe operária, os trabalhadores da cidade e do campo, os setores progressistas da sociedade, pode abrir um novo caminho de independência, liberdade, progresso, cultura e bem-estar para o povo, um futuro promissor à nossa Pátria”.

Não eram formulações abstratas, propaganda vazia ou delirante, princípios gerais distantes da realidade nem calcados em dogmas. Referenciado no marxismo-leninismo e numa interpretação científica da evolução histórica do Brasil, de sua complexa e peculiar formação, o PCdoB tem presente que a luta pelo socialismo no País não é um processo em linha reta. Na condução dessa luta, os comunistas compreenderam que deviam tomar em consideração essas peculiaridades, assim como a correlação de forças estratégicas no plano mundial. Os processos internos e externos determinam que a luta pelo socialismo percorra várias etapas.

Nos idos de 1992, quando a regra geral era o liquidacionismo, o Partido foi firme na defesa dos princípios do socialismo científico, do marxismo-leninismo e da construção do socialismo, sobretudo da experiência de construção do socialismo na URSS, malgrado os graves erros ali cometidos.

Ao tirar lições da derrota, o Partido orientou: “Embora em suas linhas mestras o socialismo científico seja idêntico em todos os países, sua concretização em cada lugar exige ponderar as particularidades locais, nacionais. Essas particularidades dão feição própria ao regime avançado que substitui o capitalismo. O modelo único de socialismo é anticientífico”.

Árdua luta de classes
Ponto alto do amadurecimento programático, estratégico e tático da direção comunista são as formulações contidas no capítulo intitulado “O caminho para alcançar o socialismo”, do já aludido Programa Socialista.

Ali se afirma que a conquista do socialismo é um caminho de “árdua disputa” com “as classes retrógradas que dominam o País”. Durante o rico debate nas fileiras partidárias em torno da elaboração desse programa, João Amazonas identificava essas classes como “forças poderosas que não cederão facilmente as posições que detêm”.

Sempre referenciado no materialismo histórico, dizia: “A máquina do Estado está em suas mãos. Utilizarão o engodo e as promessas jamais cumpridas, o monopólio da mídia, recorrerão ao arbítrio, apelarão para o fascismo, não vacilarão em juntar-se aos intervencionistas estrangeiros a fim de tentar conter e esmagar o movimento progressista. Todos os que almejam uma pátria livre e soberana, que desejam avanços contínuos nos terrenos político, econômico, social e cultural terão de enfrentar decidida e persistentemente as forças inimigas”.

Esta concepção tem orientado o pensamento e as ações do Partido, que aprendeu também que o caminho para o socialismo passa “pela realização de inúmeras batalhas em diferentes níveis com a ampla participação do povo”. A luta pelo socialismo não pode ficar restrita à propaganda revolucionária, sendo indispensável atuar no curso político real, estar presente nos pequenos e grandes combates do povo.

Esta compreensão está sintetizada no Programa Socialista: “Importância particular na mobilização das massas, buscando isolar ou neutralizar os inimigos, tem a fixação de objetivos concretos de nível mais elevado” (...) “Nesse sentido, adquire significado primordial a defesa da soberania e da independência nacional; a exigência de democratização ampla e profunda da vida do País; os reclamos da questão social em constante agravamento. São objetivos relacionados com a questão do poder, visando tirar o Brasil do atraso e da pobreza, garantir a liberdade para o povo, afirmar a identidade nacional. Essa luta apresenta não apenas aspecto tático. Perdurará por largo período e somente terminará com a vitória definitiva das forças progressistas. As classes dominantes não têm alternativa. Insistirão até o fim na política entreguista, antinacional, persistirão na via antidemocrática e antissocial”.

Este é o núcleo do pensamento tático e estratégico do PCdoB, consubstanciado no Programa do Partido. É resultado, acima de tudo, da experiência. Por isso o Partido não se perde nas ínvias encruzilhadas com que se depara. Este núcleo de ideias orienta a atuação nos campos eleitoral, parlamentar, no exercício de funções em governos nas diferentes esferas, na luta de massas, na ampla e flexível política de alianças, na condução tática em cada momento peculiar do desenvolvimento político do País, na luta teórica-ideológica.

É, enfim, esse pensamento, a chave para compreender o papel da acumulação de forças no processo revolucionário: “Todo o procedimento político e organizativo, relacionado com o caminho para o socialismo — dizia Amazonas — objetiva acumular forças, ganhar prestígio e influência no seio do povo.

A conquista do socialismo é obra das amplas massas, dos trabalhadores em geral, sob a liderança do Partido Comunista. Exige, na atualidade, a criação de uma sólida frente nacional, democrática e popular, reunindo partidos, personalidades políticas e democráticas, organizações de massas, defensores da soberania nacional, agrupamento decidido a derrocar as classes reacionárias e a realizar as transformações de que o Brasil necessita”.

Pensamento em evolução

O pensamento tático e estratégico do Partido Comunista do Brasil foi plasmando-se ao longo do tempo. A visão ampla e flexível, simultaneamente firme e combativa, de acumular forças, foi desenvolvendo-se em cima das batalhas concretas.

Na luta contra a ditadura, na 6ª Conferência Nacional (1966), realizada em plena clandestinidade, o PCdoB formulou a ideia da “união dos brasileiros para livrar o País da crise, da ditadura e da ameaça neocolonialista”.

Quando a ditadura militar assumiu abertamente um caráter fascista e escolheu o terror de Estado como método de guerra contra o povo, os comunistas se alçaram em armas na Guerrilha do Araguaia, mantendo a perspectiva de luta política e de massas. Os documentos emitidos pela Guerrilha indicam a perspectiva política e de luta de massas dos comunistas naquele momento dramático.

Durante a ditadura militar, que foi a noite dos tempos para nossa Pátria, sob o tacão de generais fascistas, torturadores, opressores e entreguistas, os comunistas, aberta ou clandestinamente, com a cara própria ou mimetizados, nunca fugiram aos embates políticos nem deixaram de ser amplos e taticamente flexíveis.

Ainda no auge do regime arbitrário, sob a presidência do general Geisel, algoz da Lapa, em cujo governo eram comuns as torturas e os assassinatos de opositores, o Partido abria o caminho da luta política e até mesmo da atuação parlamentar. Sob a orientação do documento “Conquistar a liberdade política, alcançar a democracia popular” (1976), o Partido formulou as bandeiras de luta pela revogação dos atos e leis de exceção, pela anistia ampla, geral e irrestrita e pela convocação da Assembleia Constituinte livremente eleita.

Bancada do PCdoB na Assembleia Constituinte de 1946

A mesma perspectiva de aplicar uma tática ampla, combativa e flexível para acumular forças esteve presente na luta pelas Diretas-Já, no apoio crítico à Nova República, na ação legislativa e nas ruas durante os trabalhos da Constituinte (1987 e 1988), no apoio à nova Constituição e nas campanhas pela eleição de Lula presidente da República (1989, 1994, 1998 e 2002).

As atuais conquistas democráticas e patrióticas do povo brasileiro têm muito a ver com a contribuição do Partido Comunista do Brasil. O ciclo político que o País atravessa a partir da vitória de Lula, faz parte da história de 90 anos do PCdoB. Ao tempo em que é uma realidade nova e de desenrolar dinâmico, propicia o desenvolvimento e enriquecimento do pensamento estratégico e tático dos comunistas.

Identidade comunista
A outra pedra de toque do pensamento e da ação do PCdoB é o esforço persistente para construir um partido comunista organicamente forte, ideológica e politicamente capaz, à altura da sua missão histórica, ligado às massas, em especial aos trabalhadores, um Partido com força militante, influência política ampla, presente nos acontecimentos candentes, dotado de amplo horizonte histórico, cultural e teórico, enraizado no solo nacional, patriótico e internacionalista. Nos idos de 1945 a 1948 construímos um partido com algumas dessas características que tinha, ademais, força eleitoral. Hoje está em curso uma complexa edificação, que necessita de persistência no rumo e constante avaliação, verificação e aperfeiçoamento.

Os nossos esforços atuais estão voltados para construir um partido de massas e de quadros, renovado nas formas de atuação e de organização, na atualização de conceitos e métodos, mantendo sempre os princípios de um partido com identidade comunista, perspectiva estratégica socialista e marcado caráter de classe como partido dos trabalhadores.

Avançar e superar debilidades, evitar desvios de rota e contornar os perigos de degenerescência ideológica e orgânica, requer tomar como referência constante esses conceitos. Esta é a melhor maneira de homenagear os mártires e heróis do partido no transcurso do 90º aniversário da fundação e do 50º da reorganização.

Descortino para enfrentar desafios
Finalmente, é necessário refletir sobre os desafios que se apresentam à atual geração de lutadores pelo socialismo e construtores do Partido.

Não está ainda plenamente configurada a nova correlação de forças que levará a humanidade a novo ciclo revolucionário. Mas tampouco essa correlação de forças forma-se por geração espontânea, cabendo aos partidos que lutam pelo socialismo adotar linhas estratégicas, procedimentos táticos e métodos de ação consoantes a necessidade de abordar, nas novas condições, a luta pelo socialismo. O fator consciente também faz parte das mudanças de correlação de forças.

Diante do capitalismo-imperialismo em profunda crise que põe de manifesto a senilidade do sistema, das políticas neoliberais dos governos conservadores e sociais-democratas, das políticas de guerra do imperialismo, da natureza reacionária do sistema político e econômico burguês, ganha relevo a questão: encontra-se na ordem do dia a tarefa de lutar por melhorias no capitalismo, de combater as “deformações” da globalização e as “perversões” da crise ou a tarefa de elaborar estratégias, táticas e pôr em prática métodos revolucionários que conduzam os trabalhadores em todo o mundo à luta pelo socialismo como único caminho para superar os inarredáveis impasses com que a humanidade está confrontada? Adaptação ou luta, eis o dilema em face do qual se encontram as forças de esquerda. Lutar, sempre, diz-nos o legado da história que hoje celebramos.

O capitalismo dos nossos dias beneficia apenas as grandes burguesias parasitárias dos países imperialistas. É, assim, inevitável a eclosão de lutas sociais e nacionais, em que os fatores de classe e patrióticos se entrelaçam. É nesse contexto que ressurge em nossos dias a luta pelo socialismo. É esse contexto que tensionará doravante as fileiras comunistas e todos os que se engajam na luta anticapitalista e anti-imperialista.

Temos clareza de que os padrões civilizacionais estão em crise, mesmo os valores vitoriosos e cultivados pelas revoluções burguesas dos séculos 18 e 19. A burguesia e o imperialismo decadentes não têm mais interesse de empalmar as bandeiras da liberdade, igualdade, fraternidade, justiça social, progresso econômico e soberania nacional.

Somente as classes trabalhadoras, reivindicantes e transformadoras, em aliança com a intelectualidade progressista e os setores intermediários inclinados à rebeldia e à mudança social são capazes de iniciar um novo processo revolucionário para mudar de época e encaminhar a um rumo correto os destinos da humanidade. Os comunistas dignificarão o seu passado histórico se souberem posicionar-se a par com esses desafios.

É grave a disjuntiva: ou a humanidade luta contra o capitalismo e abre de novo o caminho da história para a construção de um ordenamento econômico e social superior, ou sucumbirá inapelavelmente na barbárie, cujos elementos já se manifestam por meio da espoliação de países e povos, da superexploração das massas trabalhadoras, do corte dos direitos sociais, da devastação do meio-ambiente, da militarização e das guerras.

O cenário de crise profunda e generalizada do sistema capitalista revela que são nulas as possibilidades de sua regeneração num sentido nacional e socialmente progressista. Atualmente vivemos uma fase destrutiva e regressiva do capital em suas relações com o trabalho. O desemprego, a precariedade, a informalidade, o corte de direitos laborais e previdenciários se transformaram em verdadeira pandemia. As condições de existência miserável de milhões de pessoas revela a existência de uma gangrena social. Essas constatações chamam a atenção para uma questão fundamental. O desenvolvimento nacional independente e a justiça social já não são possíveis nos marcos do capitalismo.

O pressuposto do desenvolvimento nacional e o progresso social é o socialismo, a existência de um novo poder, em mãos das classes emergentes da sociedade – as classes trabalhadoras - capaz de empreender transformações econômicas e sociais estruturais, a partir da legitimidade alcançada na luta por um novo ordenamento social e político.

Quase um século distantes da fundação do PCdoB e do triunfo da revolução socialista de 1917, o mundo do início do século 21 exibe os traços de inaudito retrocesso. Cada vez mais fica patente que o desaparecimento do socialismo na antiga União Soviética e nos países do Leste europeu no início dos anos 1990, foi uma contrarrevolução, cujas consequências nefastas continuam a se fazer sentir.

O ciclo político aberto na última década do século 20 é conservador e contrarrevolucionário. O principal vetor do quadro político é a abrangente e brutal ofensiva do imperialismo, o que cobra elevado preço aos povos, em termos de liberdade, soberania nacional, segurança e direitos sociais. Os principais instrumentos dessa ofensiva são as políticas econômicas neoliberais, a militarização, a guerra e o exercício por parte das grandes potências capitalistas de uma política externa securitária que ignora os organismos multilaterais, a não ser quando se trata de instrumentalizá-los, e que torna letra morta o direito internacional.

Em que pese a utilização demagógica e também instrumental da “democracia” e da “defesa dos direitos humanos”, as liberdades políticas são aviltadas pela hipertrofia do Estado policial, pela proliferação de leis que consagram o terrorismo de Estado, pela violação dos direitos humanos.

Isto evidencia que o sistema capitalista já não tem condições de assegurar a democracia política e a democracia social. A premissa para essas conquistas é o revolvimento e a superação das atuais estruturas e superestrutura da sociedade. A conquista de direitos políticos e sociais plenos, que assegurem o poder político para os trabalhadores e a emancipação social não emanarão de um “aperfeiçoamento” do sistema burguês nem serão dádivas das classes dominantes, aliás cada vez mais reacionárias.

Comemorar o 90º aniversário do Partido Comunista do Brasil e o 50º de sua organização é se disponibilizar por inteiro a começar uma nova luta por alternativas de fundo, com caráter democrático, nacional e popular que representem uma ruptura com o estado atual de coisas. Para as forças anti-imperialistas, revolucionárias, progressistas, partidárias do socialismo trata-se de retomar a luta pelo socialismo nas novas condições do século 21.

Naturalmente, o movimento revolucionário vive ainda sob o impacto das derrotas sofridas pelo socialismo no início dos anos 1990, as quais produziram significativa mudança nas correlações de força e debilitaram o fator subjetivo. O começo dos anos 1990 foi marcado pelas derrotas generalizadas da revolução e do socialismo, o que gerou na esquerda um ambiente desfavorável, de desmoralização, descrédito e fracasso. Esse ambiente não está totalmente superado, mas estamos vivendo um recomeço, uma nova transição.

Há uma nítida percepção entre os ativistas políticos e sociais de que hoje são melhores as condições para lutar, intensifica-se a acumulação revolucionária de forças e aparecem os primeiros sinais de que o imperialismo não é invencível.

No reposicionamento da luta pelo socialismo, não se pode ser fatalista e captar apenas os sinais da ofensiva reacionária. É preciso perceber as novas potencialidades revolucionárias que estão despertando. O caminho que percorrerá a nova luta pelo socialismo não será fácil nem retilíneo. Esta luta se confronta em cada momento, em cada batalha, com um colossal sistema de dominação que não cederá pacificamente as suas posições. Se os trabalhadores e os povos querem um novo sistema político, econômico e social, liberdades, soberania e direitos, paz e segurança, terão de encetar a luta política de classes, na qual hão de ter firmeza diante da força, sabedoria em face do engodo, uma elevada consciência política-ideológica, força organizativa, tirocínio tático-estratégico e capacidade de combate em face de inimigos poderosos.

A celebração do 90º aniversário do Partido Comunista do Brasil é uma feliz ocasião para cultivar esses valores e renovar esta disposição de lutar.

Há um quarto de século que o povo brasileiro vem acumulando conquistas democráticas. São grandes e graves ainda os impasses nacionais, mas ainda maiores a consciência e a vontade do povo brasileiro de avançar, bem como a convicção das forças revolucionárias de que é necessário aproveitar o momento historicamente favorável para impulsionar a realização de mudanças estruturais, que resultem na edificação de um País democrático, progressista, socialista. O Partido Comunista do Brasil dedica a essa causa os seus 90 anos vividos e tantos mais que viverá no porvir.

* Jornalista e escritor, especialista em Política e Relações Internacionais. Foi vice-presidente do PCdoB de 2001 a 2005 e secretário de Relações Internacionais de 1992 a 2009. É secretário nacional de Comunicação do PCdoB e editor do Portal Vermelho

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

16/02/2012 Estado

Governo anuncia audiência e suspende encontro logo em seguida

Após uma longa espera da categoria, a governadora Rosalba Ciarlini decidiu falar com o Sindicato. E, mais uma vez, recuou. A audiência seria realizada nesta quinta-feira (16), às 18h na Governadoria, mas foi adiada, sem uma nova data definida para a realização, porque a gestora viajou. A justificativa foi uma audiência com a presidenta da República, Dilma Roussef, a ser realizada em Brasília.
A expectativa da direção do Sindicato é que a discussão com a gestora considere como ponto principal a pauta emergencial entregue pela entidade ao Governo no mês de janeiro, que traz, entre outros pontos, o repasse imediato dos 22,22% na carreira dos professores ativos e aposentados.
“Queremos tratar desde a aplicação dos 70% restante da tabela do plano de carreira até os casos em que o Funcionário sequer recebeu a parcela dos 30%. Também iremos discutir a situação dos antigos ASGs e TEDs, que voltaram a ganhar o salário mínimo em janeiro.”, afirmou a coordenadora geral do Sinte, Fátima Cardoso.
Mesmo que a audiência ocorra antes da data marcada para a assembleia da categoria, o encontro dos trabalhadores, no dia 29, será mantido. “Toda a categoria deve se manter mobilizada para os próximos desdobramentos. Devemos estar preparados e preparadas para qualquer situação que se aproxime.”, disse a sindicalista.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

16/02/2012 Hora Atividade

Gestores querem confundir servidores sobre o cálculo da hora atividade

Desprovidos de um discurso legal, os gestores começam a afirmar que a hora atividade já está sendo cumprida. Há situações em que eles tentam trazer à tona discussões que mais confundem do que resolvem a questão, como questionar, por exemplo, se o cálculo para a hora atividade considera o mesmo tempo da hora aula ou de uma hora com 60 minutos.
Segundo a coordenadora Geral do Sinte, Fátima Cardoso, a base de cálculo é a mesma utilizada para os atuais planos de carreira. A única diferença é que o terço corresponde a 33% da jornada de trabalho. A lei não faz referência ao horário de funcionamento dos turnos nas escolas, nem à hora aula ou ainda à hora relógio.
“Sendo assim tanto o professor da Educação Infantil, do Fundamental I, ou dos componentes curriculares terão o mesmo direito. Não há o que inventar. Vamos seguir o raciocínio correto.”, diz a sindicalista. De acordo com a legislação, a jornada de 40 horas prevista em plano de carreira será distribuída da seguinte forma: 13 horas de atividade extraclasse e as demais em sala de aula com os (as) estudantes. Já para uma jornada de 30h, serão 10h de atividade extraclasse e 20h em sala de aula. A mesma regra é válida para as demais jornadas.
A dirigente chama a atenção da categoria para possíveis alternativas que contrariam a lei 11.738/08 e os planos de carreira. “Todos educadores terão um tempo de planejamento na escola. As diretrizes da carreira dos profissionais da educação recomendam que, deste tempo 50% seja na escola.”, afirma. Isso permite que o gestor organize os horários adequando a lei a sua realidade.
Fátima Cardoso apresentou um exemplo sobre a forma de distribuição dos horários. “Como os professores da Educação Infantil e Fundamental I não trabalham com disciplinas específicas, o gestor pode organizar o horário em dois dias, por exemplo, na segunda-feira X teremos até o horário do intervalo destinado ao planejamento e depois do intervalo voltaremos às nossas salas de aula. Na sexta-feira y teremos planejamento após o intervalo.
É importante lembrar mais uma vez que os (as) profissionais que trabalham com disciplinas têm seu horário organizado com base nessas mesmas características. Tanto a Educação Infantil, Fundamental I como as outras modalidades terão redução do trabalho direto com o (a) estudante e será preciso a força de mais profissionais. Essa, sim, é a grande discussão que merece ser feita, pois os gestores sabem que essa demanda existe e querem escondê-la a todo custo com proposições incoerentes com a lei e com os planos de carreira.
 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

13/02/2012 Estado

Sinte quer acabar com silêncio do Governo

A direção do Sinte está determinada a quebrar o silêncio do Governo com a realização da assembleia da categoria no próximo dia 29. O objetivo do Sindicato é fazer com que à iminência de uma greve, o Governo e a SEEC sejam sensibilizados a dialogar com a categoria e a atender às reivindicações apresentadas.
“Esse pedido de audiência não é novo. Ele tem sido reiterado há cerca de seis meses e sua realização poderia ter evitado muitas perdas para a sociedade, para os trabalhadores e para o próprio Governo”, comenta a diretora jurídica do Sinte, Vera Messias. Para ela, os gestores ainda não se deram conta de que a categoria tem enfrentado todo tipo de adversidade, incluindo os mais desumanos atos de truculência contra o trabalhador e que, portanto, não sairá dessa luta sem encará-la de frente. “O Governo não tem se importado com as nossas reivindicações, mas o início do ano letivo se aproxima e alguma resposta ele terá que nos dá. A governadora bem sabe disso.”, afirmou a sindicalista.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

CTB se coloca ao lado dos servidores contra a criação de previdência complementar 

  
A CTB acompanhou com atenção nesta quarta-feira (8), no Congresso Nacional, em Brasília, o andamento da votação do projeto de lei (PL 1992/07) que cria a previdência complementar do servidor público. Até o início da noite, os deputados ainda não haviam chegado a nenhum acordo sobre a matéria.

Para o secretário dos Serviços Públicos e do Trabalhador Público da CTB, João Paulo Ribeiro, a proposta contida no referido PL é uma ameaça à estabilidade do país. “Aprovar o PL 1992 é sepultar a Lei de Responsabilidade Fiscal”, afirmou o dirigente.
Em meados de 2011, mais de 50 entidades de trabalhadores já haviam redigido um manifesto endereçado aos deputados federais, explicitando os riscos que a proposta traz para o país. “Aprovar o PL 1992 é fragilizar o serviço público e suas carreiras, além de sobrepor o interesse privado (financeiro) ao interesse do Estado e da sociedade”, dizia o documento.

O governo federal alega, em defesa do PL, que existe um déficit bilionário na Previdência Pública, sem explicar de forma clara a origem de tais dados. O Manifesto mostra que os números oficiais da União, entre 2003 e 2010, apontam outros números (Clique aqui para ver o documento).

Afronta à Constituição

João Paulo Ribeiro é mais direto ao analisar o PL: “Trata-se de um projeto inconstitucional”, afirma. A Constituição de 1988 foi originalmente escrita segundo um modelo em que o servidor público deve servir e proteger o Estado. Dessa forma, delegados, policiais, procuradores, promotores, magistrados, auditores, advogados públicos, médicos, professores, dentre outros servidores, não podem deixar de cumprir suas atribuições públicas por qualquer razão, nem mesmo pelo risco que representam às suas vidas e de seus familiares, sob pena de responderem administrativa e criminalmente.

Em contrapartida, a Constituição assegura um regime especial aos servidores públicos civis e membros de Poder, de caráter administrativo, o qual, de um lado, garante estabilidade e para 22%, enquanto no regime geral, para atingir o equilíbrio, o empregador sempre contribuiu com alíquota de 20%.

Além de não atacar fatores significativos que estão na raiz do atual resultado previdenciário, o modelo do PL 1992 fragiliza o serviço público ao torná-lo pouco atraente a bons profissionais. Nesse cenário de precarização, estão inseridos os futuros ministros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e demais membros de todo Poder Judiciário, membros do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público, delegados, policiais, auditores, advogados públicos, médicos, professores, dentre outros servidores e membros do serviço público civil.

Falta de transparência

Para a auditora federal de controle externo do Tribunal de Contas da União, Lucieni Pereira, o alarmado déficit de R$ 52 bilhões do regime de previdência dos servidores civis federais corresponde a um número inexistente. Crítica do PL 1992, ela disse, em entrevista à “Tributação em Revista”, que existe uma grande inércia por parte do governo em atualizar esses dados.

“A criação da entidade fechada de previdência complementar, nos termos propostos pelo PL 1.992, não resolve o resultado previdenciário da União; pelo contrário, piora a situação atual.Além de instaurar um cenário de insegurança jurídica, porque a União insiste em criar a previdência complementar do regime próprio sem que haja uma lei complementar específica que regulamente as peculiaridades do setor público, a medida aumentará o déficit previdenciário do setor público nos próximos anos. Isso porque as aposentadorias dos atuais servidores ativos serão custeadas com recursos do Tesouro Nacional, já que as contribuições previdenciárias dos servidores que ingressarem a partir da criação da FUNPRESP passarão a formar poupança no mercado de capitais”, explica
 

PM da Bahia desocupa prédio da AL-BA e vota pela continuidade da greve  

  
Policiais militares da Bahia decidiram em assembleia realizada na manhã desta quinta-feira (09) que continuarão em greve. A decisão foi tomada após os grevistas deixarem o prédio da Assembleia Legislativa (AL-BA), ocupado desde a semana passada. Na assembleia, realizada no Sindicato dos Bancários, em Salvador, após a desocupação, a greve foi aprovada por unanimidade.
Uma nova reunião da categoria está marcada para ocorrer às 16h desta quinta, também no sindicato dos bancários. A expectativa dos PMs é de que haja uma nova proposta do governo para ser discutida.
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Desocupação pacífica

Cerca de 300 políciais em greve deixaram nesta manhã o prédio da AL-BA. A desocupação foi pacífica e dois mandados de prisão foram cumpridos: contra Marco Prisco, presidente da Associação dos Policiais (Aspra-BA) e outro contra Antônio Paulo Angelini.

De acordo com um dos grevistas, a decisão da desocupação foi tomada em assembleia durante a madrugada. O  grupo atendeu a um pedido de Prisco, que entendeu que seria mais seguro eles se entregarem porque havia uma determinação de reintegração de posse e poderia haver confronto.
Em greve desde o dia 31 de janeiro, os militares reivindicam melhores condições de trabalho, salários e um plano de carreira, entre outros pontos. No entanto, o impasse agora está nos mandatos de prisão expedidos contra os líderes do movimento. Os grevistas querem a revogação dos mandatos. Ao todos são doze, restam oito a serem cumpridos.
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Sob o olhar do governo federal
Questionado sobre o o tema, na última quarta-feira (08), o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, revelou que o governo está acompanhado “com preocupação” a greve dos policiais militares da Bahia.

“Está sendo tomado todo o cuidado, a presença do Exército, da Força Nacional, tudo está se fazendo com todo o respeito e diálogo. Demora, esse processo é sempre difícil, nós temos que ter paciência, temos que ter maturidade. Mas eu confio muito no espírito do governador Jaques Wagner, de seus assessores, que eles levarão a bom termo esse processo. Nós estamos acompanhando com preocupação e com muita confiança de que em um dado momento nós vamos conseguir resolver essa questão”, disse o ministro.

Gilberto Carvalho disse que o governo está atento a informações de que o movimento grevista pode se espalhar por corporações policiais de outros estados. “Efetivamente, temos a informação de que no Rio, em Alagoas, em vários estados, há um movimento. Nós estamos acompanhando e temos que dar resposta pontual, não podemos ver fantasmas. Temos que ver os fatos tais quais eles estão acontecendo e tentar em cada lugar alertar os governos estaduais para esse processo que está havendo”, avaliou.
Apoio
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Diversas entidades dos movimentos sindicais e sociais já declararam seu apoio à greve da PM baiana.
No Rio Grande do Norte, as entidades irão promover um grande ato público em solidariedade aos militares baianos. A concentração acontece no início da Avenida Rio Branco, sob o Viaduto do Baldo, a partir das 9h.
De acordo com a organização da atividade "a iniciativa é uma manifestação de repúdio à postura do governador Jacques Wagner, que preferiu criminalizar e reprimir o movimento reivindicatório dos policiais baianos".
Portal CTB com agências

Fazer greve é legítimo; negociar é obrigação da luta e do governo

A desocupação nesta quinta-feira (9) da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, tomada por cerca de 250 soldados da Polícia Militar e sob cerco da Força Nacional de Segurança e do Exército, é o primeiro sinal de alívio numa crise que se estende há dez dias. Falta agora concluir com êxito as negociações, sem as intransigências que de parte a parte têm caracterizado o conflito. Chegar a bom termo é uma exigência da população, uma obrigação de quem luta e de quem governa.
José Reinaldo Carvalho
Uma luta que é a todos os títulos legítima e legal por reivindicações salariais de uma corporação que ganha salários irrisórios e é em não raras situações submetida a um regime opressivo e humilhante nas casernas, transformou-se em crise política com projeção nacional, haja vista a movimentação de ministros, deputados, senadores, o governador do estado e a própria Presidência da República. O deslocamento para a Bahia de numerosos contingentes do Exército, da Força Nacional de Segurança e da Polícia Federal é a ilustração dramática disso.

Não tem nenhum cabimento o argumento de que a greve da Polícia Militar é anticonstitucional e, portanto, ilegal por se tratar de uma corporação armada. São servidores públicos e como tal devem ser tratados. A esquerda sempre defendeu o direito de greve e de associação desses servidores e assim os tem considerado desde sempre. Outrossim, os partidos de esquerda, como também as centrais sindicais em que atuam, sempre defenderam melhorias salariais para as polícias militares e civis e demonstraram simpatia para com a PEC-300, que estabelece um piso nacional para essas categorias. Outra coisa – inaceitável – são greves e manifestações armadas, assim como atos de terror contra a população.

No governo, a esquerda distingue-se dos neoliberais e conservadores pela sua inclinação a encontrar soluções justas à problemática social e pelo método democrático de dialogar com manifestantes e grevistas. Os esforços nesse sentido devem ir até à exaustão.

Por outro lado, num quadro de plena vigência da democracia, é intolerável que um movimento reivindicativo seja transformado em motim armado e instrumentalizado por arrivistas e provocadores que semeiam o terror e atentam contra a segurança e a tranquilidade da população. A legitimidade intrínseca do movimento perde substância se, ao invés da força dos argumentos em apoio a uma justa reivindicação, se utilizam armas e se recorre à violência.

Também neste terreno a esquerda precisa tirar lições a partir dos fundamentos que sustentam sua trajetória. Na condução de lutas sindicais e políticas, os êxitos que alcançou sempre se deveram à condução correta, à unidade dos trabalhadores, ao equilíbrio na formulação de demandas, ao criterioso exame das correlações de força em cada situação concreta e na relação democrática e respeitosa com o poder político, independentemente de quem o exerça, mas, com ainda maior razão quando se trata de um governo democrático e comprometido com as causas populares. O “esquerdismo” como manifestação de senilidade política, ideológica e metodológica, é nocivo ao desenvolvimento do movimento sindical e popular.

As demandas salariais das corporações policiais se alastram em todo o Brasil. Recentemente, houve greves no Ceará, Piauí e Maranhão e uma revolta do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Há intensas movimentações em diversos estados. Os litigantes de ambos os lados devem fazer máximos esforços para, na mesa de negociação, encontrar a justa medida de satisfazer as demandas salariais.

Começam a se fazer ouvir as vozes dos reacionários em “defesa da ordem” e ataques ao direito de greve, o que é parte da plataforma da direita contra os direitos de quem trabalha. A esquerda consequente no exercício de governos e à frente dos movimentos sindicais deve chamar a si a responsabilidade de pôr a questão em conceitos e termos corretos.




06/02/2012 SEEC

Secretaria diz em entrevista que governo vai implantar o Piso Salarial

Em entrevista na Rádio 96 FM no último dia 2 de fevereiro, a secretária de Educação do Estado, Betânia Ramalho disse em alto e bom som que o Governo vai cumprir a lei do Piso. Por outro lado, há quase seis meses a direção do Sinte tenta marcar audiência com a gestora sem qualquer sucesso.
“O que pode estar por trás de tudo isso? O que a secretária planeja em relação à pauta da categoria? Queremos entender que não se trata de retaliação ao nosso Sindicato. Queremos entender que a secretaria não pode se colocar acima do dialogo.”, disse a coordenadora geral do Sinte, Fátima Cardoso.
Para a sindicalista, o suspense só vai gerar uma situação de mobilização da categoria nos campos jurídico e político.
Piso salarial na carreira
Após a entrevista da secretária, a pergunta que fica no ar é: como serão implantados os 22,22% para o magistério? Não há outra discussão além dessa, pois e cálculo é simples de fazer, basta tomar como referência o salário base atual e multiplicá-lo aos 22,22%. A resposta é mesma para todos, ativos ou inativos. E a decisão da diretoria do Sindicato reafirma essa visão.
Como prevê a lei, o pagamento dessa diferença deve ser feito a partir de janeiro. Outro aspecto que o Sinte não deixará sem cumprimento é o 1/3 de hora atividade. “Não vai existir desculpas desde que o STF ratifica que a única coisa que precisamos fazer é buscar em juízo o que já perdemos e cobrando a partir de 1º de março que se cumpra a lei.”, disse a sindicalista.
 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Reunião debate luta pela implantação do Plano de Carreira dos servidores

O Fórum dos Servidores, composto pelos sindicatos que representam os Funcionários da Administração Direta e da Indireta se reuniram na tarde desta quarta-feira (1) para analisarem os dados financeiros do último quadrimestre divulgados pelo Governo do Estado. O supervisor técnico do Dieese, Melquisedeque Silva, participou do encontro e definiu os números como genéricos, que ainda não possibilitam um detalhamento satisfatório.
Entre os pontos discutidos, um que mereceu destaque diz respeito à falta de clareza sobre a metodologia utilizada para a realização dos cálculos disponibilizados no portal do Governo. A questão foi levantada porque existem formas simples de manipulação dos dados para que eles ultrapassem o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal e, com isso, impeçam que o Governo aumente os gastos com a folha de pagamento de pessoal. Segundo a coordenadora geral do Sinte, Fátima Cardoso, já foi constatado que em determinados quadrimestres o Governo usou dados de aposentados e pensionistas para aumentar o valor da folha e se manter além do limite prudencial.
Também foram discutidos pontos que permitiram aos presentes entender quais são as prioridades do Governo ao construir uma poupança significativa, em detrimento de investimentos com pessoal. Ao final da reunião, os representantes dos trabalhadores definiram os próximos passos do trabalho.
Nesta sexta-feira (3) os Sindicatos Sinte, Sinai, Sintern e Sindsaúde entregarão um ofício ao Governo solicitando uma audiência com os gestores e já começam a mobilizar a categoria na luta pela implantação dos Planos de Carreira. Nos próximos dias serão realizadas assembleias com toda a base dos Sindicatos. Para os Trabalhadores em Educação, o encontro será no dia 29 de fevereiro, momento em que será definida a pauta de reivindicações da categoria e o seu plano de lutas. Já a mobilização conjunta das bases começa no dia 8 de março com a entrega da pauta de reivindicações ao Governo do Estado.